Shadows of the Damned é um jogo de survivor-horror, em terceira pessoa, criado pela Grasshopper Manufacture e publicado pela EA Games, para Playstation 3 e XBox 360. O jogo conta com três nomes famosos na indústria dos videogames: Goichi Suda, conhecido por seu estilo imprevisível e anárquico; Shinji Mikami, diretor dos primeiros jogos da série Resident Evil, contabilizando vários jogos bem-recebidos por crítica e público; e, finalmente, Akira Yamaoka, compositor famoso pelo seu trabalho em Silent Hill, com um estilo musical pesado, sombrio e industrial. Os três combinaram seus esforços para criar um jogo especial, de maior unicidade, e, em parte, conseguiram.
Inicialmente, Shadows of the Damned se chamaria Kurayami (japonês para "escuridão"), produto de Suda 51, e teria uma jogabilidade mais profunda e conceitual, com um protagonista munido de uma tocha que lutava contra a escuridão de uma cidade. Eventualmente, o jogo foi mudando, Suda 51 fechou parceria com a EA Games (que sugeriu o jogo como um shooter), e, posteriormente, Shinji Mikami e Akira Yamaoka também juntaram-se ao time.
A História do Jogo
Você controla Garcia Hotspur, um mexicano que vive, provavelmente, nos Estados Unidos. Garcia é um caçador de demônios, e exerce a função com o auxílio de Johnson, um demônio banido do inferno, que agora é apenas um pequeno crânio flutuante envolto em chamas. Quando Fleming, o rei dos demônios, captura Paula, a namorada psicótica de Garcia, ele vai até as profundezas do inferno para resgatá-la, no maior estilo Mario/Peach. Pela aventura, Garcia constantemente surpreende-se com o inferno, um tanto diferente do que uma pessoa normal esperaria, e cabe a Johnson não só ajudá-lo a resgatar Paula, mas também explicar da melhor maneira possível todas as peculiaridades e maluquices do inferno.
Garcia e Johnson formam uma dupla e tanto, e um depende do outro para saírem intactos do inferno.
Jogabilidade
A EA Games queria um shooter e tinha Shinji Mikami no time. Infelizmente, a jogabilidade é bastante parecida com Resident Evil 4, você enxerga o personagem pelas costas, segura o botão de empunhar a arma, ajusta a mira laser dela em algum alvo e depois atira. A alavanca esquerda do controlador cuida da translação do personagem, e a alavanca direita da rotação. Simples assim. Há algumas adições bem-vindas. Por exemplo, você pode mover-se ou girar 180º enquanto mira, e possui uma esquiva em forma de rolamento para as quatro principais direções cardeais. Garcia não parece um peso morto na batalha, cuja única preocupação é mirar. A sua arma, por outro lado, é mais única: Johnson, o demônio banido e melhor amigo de Garcia. Ele pode assumir a forma de armas de fogo, facilmente trocando de forma com o pressionar do botão direcional (similar a Vanquish, outro jogo de Shinji Mikami), assim como também pode ser empunhado em forma de tocha, iluminando o caminho ou utilizado para bater nos inimigos.
Shadows of the Damned chama atenção pela escuridão. Demônios na escuridão são invencíveis, uma espécie de miasma negro os envolve e protege seus corpos, enquanto Garcia sente-se cada vez mais fraco. Cabe ao jogador encontrar formas de aniquilar essa escuridão e poder, assim, derrotar seus inimigos. Ainda assim, a capa de escuridão ainda persiste nos demônios, e é necessário removê-la com a ajuda de Johnson, seja utilizando o Light Shot, uma espécie de tiro de luz que pode paralisar oponentes, ou com um golpe em forma de tocha. Há horas em que Garcia precisa mesmo mergulhar na escuridão para progredir, seja pra resolver um pequeno puzzle ou para chegar em outra área. Nessas horas, é comum encontrar corações humanos utilizados para recuperar a resistência à escuridão. E se alguma hora Garcia estiver fraco, basta que ele beba uma das fortes bebidas do inferno: saquê quente, tequila ou absinto, para começar a sentir-se bem (segundo Johnson, a bebida não destrói seu fígado no inferno, mas, sim, te deixa mais vivo).
O jogo é bem linear, e basta que você chegue ao final da fase. Tem alguns chefes, a luta com eles pode tornar-se um pouco longa, cansando o jogador à toa. Alguns momentos tendem um pouco para "tentativa-e-erro," então há uma pequena dose de dificuldade injusta, mas que não demora para você pegar a manha. Você encontra gemas vermelhas que aumentam atributos de Johnson ou Garcia, como o dano das armas e a saúde do seu personagem. Você também pode coletar gemas brancas dos inimigos comuns, e trocar por gemas vermelhas com um vendedor bem louco que morde sua mão.
Alguns chefes são muito apegados à vida (ou seria morte?) Quem aumentar a dificuldade, vai perceber que difícil mesmo é esperar o chefe morrer.
Gráficos
Algumas texturas estão bem legais, de boa qualidade, outras, nem tanto. Não deve ser surpresa, visto que o jogo roda na Unreal Engine 3, que possui a característica de demorar alguns poucos segundos para renderizar completamente as texturas. Para piorar, ocorrem algumas quedas na taxa de quadros (que já roda a 30 quadros por segundo), loading demorado e repetição de todos esses problemas quando o personagem morre e deve recomeçar parte do cenário.
Gráficos decentes, mas simples. Poderiam rodar com muito mais polimento.
Apesar destes defeitos, os gráficos não são feios. Suda 51 é um diretor bastante conhecido pela sua extravagância e imprevisibilidade, então espere encontrar cenários únicos, como um jardim paradisíaco no meio de um matadouro, exposições de gore desenfreado, um "distrito da luz vermelha infernal," e até uma paisagem composta inteiramente de recortes de papel. O modelo dos protagonistas e inimigos estão bem feitos, todos possuem um bom estilo e não passam a impressão de serem genéricos, o que não é fácil no meio de tanto jogo de zumbi e demônios. De mais, as armas em que Johnson se transforma passam a ideia de estilo e força, a iluminação é variada, e em alguns pontos é muito boa, adicionando cores que ajudam a compor um cenário mais rico. Até mesmo os loadings, que apesar de demorados, carregam uma parte considerável do jogo, então a menos que você morra, não verá um outro loading tão rápido. Basicamente, é o estilo próprio do jogo que resgata os gráficos, mas a técnica em si é mediana.
Sorte que o jogo possui uma atmosfera muito legal, é como se fosse um filme dirigido pelo Tim Burton junto ao Quentin Tarantino. É um belo grindhouse gótico.
O jogo é repleto de momentos diversos, sejam interativos ou não. Você conhecendo a história dos chefes através de livros no estilo "conto-de-fadas" altamente deturpado, a fixação de Johnson em sexo e piadas fálicas, as conversas sem noção entre Garcia e Johnson, alfinetadas em Gears of War, controlar um candelabro para causar destruição, uma transformação bem peculiar de Johnson para destruir inimigos gigantes e até uma homenagem básica ao estilo de jogo shoot'em-up. Há quem goste ou não, é o tipo de jogo que você deve ter uma mentalidade aberta e não levar tudo a sério. Quem conhece os jogos do Suda51, sabe que, sem explicação, pode ocorrer alguma coisa bem non-sense, pra quebrar o gelo. Então, se você quer seriedade, pode se sentir prejudicado em algumas partes.
Pontos positivos
+ Jogo estiloso, que combina visuais criativos com personagens carismáticos.
+ Armas poderosas, que fazem detonar demônios uma verdadeira alegria.
+ Chefes interessantes, insanos e divertidos de enfrentar.
+ Imprevisibilidade te deixa curioso pra saber o que vem a seguir, sem deturpar o foco da experiência.
+ Música, efeitos sonoros e dublagem de primeira qualidade.
Pontos negativos
- Problemas gráficos, como pop-in frequente de textura, algumas quedas de taxa de quadro e loadings pesados sem que realmente haja muita justificativa para tal.
- Em momentos de "tentativa-e-erro", o jogo parece mais injusto que genuinamente difícil.
- Não há destraváveis significantes ou new game+ após zerar o jogo.
Fonte: Forum/Outerspace
Canal: Zangado
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